Cerca de 25 milhões de brasileiros com mais de 16 anos sofrem de dor de barriga ou diarreia várias vezes ao ano, revelou a pesquisa “Hábitos de Saúde do Brasileiro – Conhecimento sobre Doenças Intestinais”, realizada pelo Datafolha em abril e divulgada no início deste mês.
O cenário preocupa a classe médica, uma vez que poucos pacientes associam a dor de barriga recorrente a enfermidades mais sérias, como doenças inflamatórias intestinais. A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa integram esse grupo e seus diagnósticos podem ser tardios, uma vez que os sintomas tendem a aparecer e desaparecer.
Ainda segundo o levantamento, 38% destes 25 milhões de brasileiros tentam tratar os sintomas da dor de barriga frequente com medicamentos caseiros, 27% com visitas ao posto de saúde e 25% fazendo uso de remédios sem prescrição médica.
“O atraso no diagnóstico pode determinar uma piora no quadro e dificultar o tratamento, além de propiciar o aparecimento de complicações”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn, Flávio Steinwurz.
Para a gastroenterologista Bianca Loyo Pona Schiavetti da Silva, a situação precária atual do sistema público de saúde também é um fator que contribui para que o paciente protele a descoberta do problema. “Principalmente os que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) enfrentam longa espera para passar com o especialista, isto quando são encaminhados, pois muitos médicos da assistência básica infelizmente também fazem tratamento empírico.”
Já se sabe que as doenças inflamatórias intestinais são características de centros urbanos – quanto mais desenvolvida a região, maior a prevalência delas – , o que pode ser explicado pelos hábitos comuns nesses locais. “Atribuímos (essa incidência) à dieta ocidentalizada, rica em agrotóxicos e conservantes, ao tabagismo e ao uso abusivo de antibióticos. Um paciente geneticamente pré-disposto à doença é exposto a um gatilho ambiental, em geral ocasionando alteração em sua microbiota”, completa Bianca.
A doença de Chron e a retocolite ulceritiva podem afetar indivíduos de todos os sexos, raças, idade, nacionalidade, mas existe uma predominância na raça branca e são mais comuns em adultos jovens (de 20 a 40 anos) e com um segundo pico a partir dos 55 anos.
Muitos sintomas das doenças inflamatórias intestinais são inespecíficos, como dor abdominal, perda de peso, diarreia, febre e anemia. Importante lembrar que o tratamento precoce – guiado por um gastroenterologista – previne complicações graves, aumenta chance de resposta aos medicamentos e diminui a probabilidade de internações e cirurgias. Cura ainda não foi descoberta, mas foram observados avanços nas terapias aplicadas na última década.
Fonte: https://www.dgabc.com.br/Noticia/2710007/25-milhoes-sofrem-de-dor-de-barriga-frequente-mostra-pesquisa
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