Eu tinha uns trinta anos quando comecei a ter umas feridinhas pela pele, achava que era algum processo alérgico pois era disseminado pelo corpo e sumia em semanas e ficava tempos sem aparecer e do nada voltava. Usava por conta própria pomadas a base de corticóide mas sem muito sucesso. Nunca me incomodou muito pois sempre estava em áreas do corpo que ficavam pouco exposta. Fui ao dermatologista a cerca de dois anos e fiz biopsia de uma das lesões, onde foi constatada a psoríase na forma de apresentação gutata, pois sempre que surge, ela vem parecendo bolinhas, gotas.
Ainda escutei do médico que a forma da minha psoríase era a mais branda, que não teria grandes problemas. Mal sabia eu que o que não aparecia na pele estava lá, nas minhas articulações, lentamente agindo. As vezes quando fazia alguma atividade em que a demanda de movimentação era intensa (passar roupa, varrer casa, pegar muito peso durante muito tempo e ficar muito tempo em pé ou sentada) minhas articulações inchavam, principalmente joelhos, punho e dedos das mãos, cotovelos e tornozelos.
Tomava um anti-inflamatório também por conta própria e deixava o tempo e a inércia levarem a dor embora. A minha profissão por ser desgastante física e emocionalmente talvez tenha ajudado um bocado nesse processo. Há cerca de dois anos trabalho com saúde pública, fazendo visitas domiciliares e fico muito tempo sentada no carro, no translado de uma casa a outra e muitas vezes no final do dia tanto meus joelhos como tornozelos ficavam inchados e a dor era constante. Até que surgiu uma crepitação intensa nos joelhos e um estalar que não cessava nos tornozelos.
Resolvi procurar o ortopedista. Depois da ressonância do joelho, veio o laudo: processo degenerativo no menisco de ambos os joelhos, tendinose e derrame articular. O ortopedista disse que meu joelho tinha pelo menos uns 40 anos a mais do que eu, saí de lá com a receita de condroitina e um anti-inflamatório e encaminhamento para a fisioterapia e uma frustração, não poderia fazer mais nada que causasse impacto nos joelhos. Um dia, conversando com alguns colegas de equipe e com uma dor absurda na articulação do joelho (epicondilite) mesmo tomando o naproxeno e a condroitina, comecei a achar que tinha algo mais além do que parecia realmente ser, foi quando marquei um reumatologista.
Falei das dores, de tudo o mais. Alguns marcadores sorológicos foram pedidos e outros exames, mas só o VHS e a proteína C reativa estavam absurdamente altas. Fui no ortopedista de novo e com a psoríase manifestada ele questionou a lesão, e ao dizer o que era ele mandou pro reumato que fechou o diagnóstico: Artrite Psoriásica. Hoje estou no terceiro mês em tratamento, o inchaço até diminuiu mas tomo o MTX (metrotexato) que mudou demais minha vida.
Fico imprestável no dia seguinte da dose, com diarreia e dores abdominais. Tomo antidepressivos porque a cabeça anda muito mexida com tudo o que aconteceu e estou em processo de readaptação no trabalho. O pior ainda é ver nas pessoas o descrédito quando falamos de doença reumática. A dor é nossa, somente nossa. Fazer alguma outra pessoa entender é complicado demais. Ando desanimada para muitas coisas, me afastei de coisas que antes para mim eram prazerosas, porque tento me preservar ao máximo.
Quando acordo e sinto a dor nas costas hoje sei que não é porque dormi de mal jeito e sim a rigidez que a doença causa pela manhã. É uma dor e uma aceitação diária e uma luta para manter tudo normal quando na verdade não está, pelo menos pra mim, porque para os outros parece que é um simples charme.
Sou a Helga Barreto, tenho 39 anos, moro na cidade do Rio de Janeiro – RJ, convivo com a artrite psoriásica oligo articular há 5 anos, sou enfermeira.
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Faço uso do METROTEXATO , por ter artrite psoriática, porém fico com muita dor de cabeça , é possível tomar o CEFALIV para diminuir essa dor sem causar outro problema