O coronavírus pegou o mundo de surpresa, e está impactando intensamente na vida das pessoas e na economia dos países. A gravidade da doença varia conforme a idade e a presença de outras doenças. O guia abaixo aborda de maneira bastante ampla o tema do Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus 2019) com especial atenção aos pacientes reumáticos.
Como ela é Transmitida?
A doença é transmitida através da inalação de gotículas de líquido provenientes da tosse ou espirro de um infectado, ou quando tocamos superfícies contaminadas com essas gotículas e levamos a mão no rosto.
Quais são os Sintomas?
O sintoma mais comum é a febre, seguida por tosse, dor muscular, fadiga e falta de ar. Algumas pessoas ainda podem ter dor de cabeça, diarreia e vômitos.
O que é um Caso Suspeito?
Atualmente o caso suspeito é aquele indivíduo com febre associada a um sintoma respiratório, que retornou de uma viagem de área afetada nos últimos 14 dias ou que teve contato próximo de um caso suspeito ou confirmado.
Quem Faz Parte dos Grupos de Risco?
Já é sabido que a chance de ter uma doença mais grave ocorre em pessoas idosas, portadores de diabetes, doenças cardíacas e pulmonares.
Quais os Riscos para os Portadores de Doenças Reumáticas?
Os pacientes reumáticos ainda não foram incluídos “oficialmente” no grupo de risco do COVID-19, pois ainda não temos informações suficientes sobre a infecção nesta população. Por outro lado, sabemos que os portadores de doenças inflamatórias ou autoimunes em uso de imunossupressores são considerados de uma maneira geral como de alto risco.
As principais doenças pertencentes a esse grupo são artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, esclerose sistêmica, doença inflamatória intestinal, síndrome de Sjögren, arterite de células gigantes, granulomatose com poliangiíte, granulomatose eosinofílica com poliangiíte, arterite de Takayasu, doença de Behçet, dentre outras.
A fibromialgia, gota, artrose e osteoporose, apesar de serem tratadas pelo reumatologista, são doenças cujos tratamentos não interferem no sistema imune.
Quais são os Níveis de Imunossupressão?
Não imunossuprimidos: pessoas com doença controlada sem medicação, ou em uso de sulfassalazina e hidroxicloroquina, mesalazina, acitretina, corticoides tópicos ou locais (infiltrações).
Grau leve de imunossupressão: uso de prednisona em dose menor ou igual a 20mg ao dia, ou metotrexato menor ou igual a 20mg por semana, ou leflunomida 20mg ao dia.
Alto grau de imunossupressão: uso de prednisona em dose maior do que 20mg ao dia, pulsoterapia com metilprednisolona, micofenolato mofetil, ciclosporina, tacrolimus, azatioprina, ou biológicos (infliximabe, etanercepte, golimumabe, certolizumabe, adalimumabe, abatacepte, tocilizumabe, ustequinumabe, belimumabe, secuquinumabe, ixequizumabe, guselcumabe), inibidores da JAK (tofacitinibe, baricitinibe, upadacitinibe).
O que Fazer se Eu Tiver Suspeita do Covid-19?
Caso apresente sintomas como tosse persistente, febre ou falta de ar, entre em contato com seu médico assistente para decidir sobre o que fazer. Nunca tome uma decisão sobre seu tratamento por conta própria. O seu médico levará em conta a atividade da doença e o grau de imunossupressão, e outros fatores também, como a condição clínica, a idade, a presença de outras doenças concomitantes.
Se a doença estiver ativa: serão tomadas medidas de contenção da transmissão. Se você trabalha com atendimento ao público, dependendo da condição clínica, pode ser que o médico considere uma alternativa, como trabalhar de casa. É provável que o médico mantenha a medicação de uso contínuo, visto que uma maior atividade de doença está associada a um maior risco e gravidade das infecções.
Se a doença estiver em remissão: serão tomadas medidas de contenção da transmissão. O médico avaliará sua condição clínica e a peculiaridade da sua doença reumática e decidirá se é possível ou não alterar o tratamento contínuo.
Se o grau de imunossupressão for moderado a alto: serão tomadas medidas de contenção da transmissão. Se você trabalha com atendimento ao público, dependendo da condição clínica, pode ser que o médico considere uma alternativa, como trabalhar de casa. É provável que o médico mantenha a medicação de uso contínuo, visto que uma maior atividade de doença está associada a um maior risco e gravidade das infecções.
Se o grau de imunossupressão for leve: serão tomadas medidas de contenção da transmissão. O médico avaliará sua condição clínica e a peculiaridade da sua doença reumática e decidirá se é possível ou não alterar o tratamento contínuo.
Se não houver imunossupressão: a conduta será semelhante à da população geral.
Devo Suspender o Imunossupressor?
Nunca tome uma decisão dessas sem conversar com o seu médico. Ainda não existe evidência de que a interrupção do imunossupressor tenha um efeito protetor contra a infecção pelo coronavírus. Em alguns casos específicos, em que estão presentes outros fatores de risco importantes para uma infecção grave, e em áreas onde a transmissão sustentada está ocorrendo, pode ser que o médico considere uma interrupção preventiva.
Quais são as Recomendações a Respeito do Ibuprofeno?
Ainda temos poucos dados sobre a relação do Ibuprofeno e o coronavírus, mas as sociedades de cardiologia e infectologia tem recomendado evitar o uso desta medicação em caso de febre. Converse com seu médico para avaliar a possibilidade do uso de outro medicamento.
Quais são as Vacinas Importantes Nesse Momento?
Se não houverem outras contraindicações, é recomendável que os portadores de doenças reumáticas estejam com as vacinas influenza, pneumocócica e coqueluche em dia. Confira seu cartão vacinal e pergunte ao seu médico quais são as vacinas recomendadas no seu caso. Lembre-se que pacientes imunossuprimidos não podem usar as vacinas de vírus vivo.
Quais são as Medidas de Prevenção?
Todas as pessoas devem adotar estas medidas para reduzir o risco de contrair a infecção:
- Lavar as mãos regularmente, por pelo menos 20 segundos, com água e sabão ou álcool gel a 70%. Secar completamente após a lavagem.
- Evitar tocar no rosto (especialmente olhos, nariz e boca
- Para tossir ou espirrar, cobrir com o braço, e não a mão.
- Não usar lenços de pano, mas sim lenços de papel descartáveis.
- Pessoas com sintomas devem se manter-se afastadas dos pacientes em uso de imunossupressores.
- Cumprimentos devem ser sem contato direto, evitando apertos de mão, abraços ou beijos.
- Evitar aglomerações, transportes públicos, feiras, supermercados, shoppings.
- Viagens desnecessárias devem ser canceladas ou adiadas, principalmente para áreas onde existe transmissão sustentada do vírus.
- Se existe uma suspeita de infecção pelo coronavírus, ou se houve contato com um caso suspeito, a pessoa deve permanecer em casa. Não procurar assistência médica neste momento. A ida ao hospital deve ser reservada para os casos com febre, tosse persistente e falta de ar.
Devo Utilizar Máscaras?
As máscaras geralmente não são eficazes para prevenir a infecção. Elas devem ser trocadas frequentemente e podem até aumentar a chance de contaminação ao ajustá-la ao rosto. Assim, é melhor seguir as medidas do tópico acima e evitar aglomerações. O uso da máscara é sim recomendado para aqueles com sintomas respiratórios, e ela acaba sendo um lembrete para não tocar no rosto.
O que Fazer em Caso de Sintomas Leves?
É recomendável evitar ir ao hospital em casos de sintomas leves. Porém, na presença de febre alta persistente, falta de ar ou outro sintoma mais grave, procure o médico para atendimento.
Todos os Casos Suspeitos Devem Fazer o Teste?
Atualmente o teste confirmatório está indicado nos que evoluem de forma grave.
O Médico Acabou de Recomendar um Novo Tratamento Imunossupressor. Devo Aguardar Para Iniciar?
Isso depende muito da atividade de doença e da avaliação do reumatologista quanto aos riscos e benefícios.
Qual a Recomendação Para Quem Tem Doença Autoimune e Trabalha em Condições de Maior Risco de Contágio?
Se o seu trabalho é em locais com aglomerações de pessoas ou você é profissional da saúde, converse com seu reumatologista para avaliar a possibilidade de realizar trabalho domiciliar ou afastamento laboral temporário.
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